METAMORFOSE
Quando acordei numa manhã de chuva, avistei do meu quarto uma borboleta imensa na porta da sala. Ela batia as escamas de seda lentamente entre uma parede e outra, e eu levantei assustado. Fui em sua direção para tocá-la e minhas digitais ficaram cravadas. Afastei-me para trás pausadamente. Nunca tinha visto uma coisa daquelas. Corri para cozinha e peguei uma vassoura para espantá-la, mas não havia saídas, pois as janelas estavam trancadas. A borboleta me encarava com seus olhos de jabuticaba e batia as antenas no teto, soprando cinzas opacas. Pensei que poderia ser até uma mariposa, mas não tinha feiura, a sua beleza desejava uma música de violino. A chuva lá fora caia e decidi chamar algum vizinho. Fui até os fundos da casa e um besouro enorme e cascudo estava acoplado na tramela. De repente tive a ideia de colocar fogo nos jornais velhos que ficavam dentro do armário da pia. Peguei o fósforo em cima do fogão, fiz um calhamaço com os jornais e acendi a chama p